Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Em português nos (des)entendemos



Com a chegada dos emigrantes em férias, é animador assistir à revitalização dos territórios rurais, com as aldeias desertas que se repovoam e rejuvenescem ainda que por escassos dias, os roteiros das romarias, as horas de matar saudades do torrão natal e de familiares e amigos. Enfim, ano após ano, um quadro inalterável, revelador de um invicto sentimento pátrio.
Há, porém, uma outra realidade, percetível neste quadro, que se afigura preocupante: a Língua Portuguesa está sendo afastada nos atos mais primários de comunicação no seio dos nossos emigrantes. Crianças, jovens e adultos eximem-se de falar entre si o português. Nas ruas, nas romarias, nas áreas comerciais, é corrente assistir a portugueses dialogando com outros portugueses em outras línguas que não o português!
Assobiar para o lado perante esta realidade é o que de pior se pode fazer. Ela traduz, claramente, um retrocesso nos efeitos das políticas do Governo português nos países de acolhimento dos nossos emigrantes no que respeita à preservação e divulgação da Língua Portuguesa. Será que deixou de ser uma prioridade estratégica? Qual a eficácia das embaixadas, Conselhos das Comunidades Portuguesas, CPLP, Fundação Oriente, Instituto Camões? Que é feito daquelas iniciativas-piloto, em algumas comunidades lusófonas, que permitiam os encontros das crianças com autores portugueses, propiciando interesse, descoberta e motivação pelos sabores da nossa língua e da nossa cultura?
Enquanto isto, têm vindo a ser anunciados acordos com universidades de vários continentes para nelas ser introduzido o estudo da Língua Portuguesa, um propósito valioso de expansão lusófona que trouxe já a surpreendente notícia de que, até na própria China, já há 37 universidades onde se ensina o português.
Ensinar o português nas universidades não é bom, é ótimo. Mas... e as crianças? Vamos esperar que cresçam e, caso queiram, optem depois por aprender a falar português nas universidades?
Toda a língua materna, mais do que um veículo de comunicação, é um sistema organizado de pensamento. Por isso, que futuro pode ter o país, a sua cultura, a sua identidade, quando o seu povo deixar de pensar (e de amar) em português?
Alexandre Parafita
*ESCRITOR E JORNALISTA
















































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