Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Escola da minha saudade


Este post é inteiramente dedicado a todos (professores, alunos e auxiliares de acção educativa) que passaram por esta escola.

A imagem está esbatida, dos muitos anos que por ela passaram, mas ainda retrata uma escola linda, construída com o material mais vulgar na região -o granito - e com floreiras incrustadas nas paredes onde nasciam sardinheiras, nas Primaveras da nossa alegria. Depois do 25 de Abril de 1974 foi demolida, retiraram esta valiosíssima pedra "aparelhada"e construíram um mamarracho de tijolo e cimento.

Naquela entrada coberta, naquele alpendre, ainda se pode ver, mal, um painel em azulejos, homenageando a família Sotto Mayor, a quem está ligada a construção deste edifício. Dizia:

"Escola Primária António Lino Sotto Mayor mandada construir por seu filho Jaime Sotto Mayor em 1924".

Nem o painel sobreviveu à fúria de destruição e ganância do homem.

Na altura, quando o meu pai se apercebeu que o empreiteiro tinha levado toda a pedra do edifício demolido, teve este comentário: Pelo valor da pedra que daqui levou, o empreiteiro bem podia fazer a escola. E quem lucrava era ele!


O Homem e o Meio

Na escola estávamos todos a pensar. E chegámos a estas conclusões.

Antigamente o homem vivia ao ar livre em amizade com os animais.

Pouco a pouco tomou conta do mundo; construindo casas, abrindo pontes e estradas, rasgando túneis.

Modificou o meio ambiente e ao mesmo tempo desarrumou-o.

Sujou a natureza.

... depois a Sandra leu a seguinte frase:

-Proteger a natureza é proteger o nosso mundo.

Muito bem - dissemos todos.

Obrigada - disse a Sandra e sentou-se.

Depois, durante muito tempo estivemos todos a pensar naquilo...


( Gisela, Hernani e Mário, alunos da Escola Primária, há muitos anos)



A Primavera


Primavera

teus olhos

são amarelos,

tua cor é verde.

Teus pastos

verdes

cobrem

o mundo.

À tarde

teu sol

brilha

e canta

lindas canções

de amor.

À noite

o sol vai-se

e aparece a lua.

Primavera

quero estar

ao pé de ti.


(Gisela 8 anos... há muitos anos)




Apenas uma última nota para falar das minhas suspeitas. Ou eu me engano muito ou o 1º Ciclo voltará à sua primitiva casa, hoje ocupada pelos Bombeiros...

7 comentários:

celestino disse...

É por estas e por outras que este país, apagando as suas memórias, em vez de andar, desanda...
Oxalá os mais novos e os vindouros não permitam que se perpetrem acções desse tipo, doutra forma, a nossa história acaba, inexoravelmente, por se perder.
Bjs.
Celestino

Graça Gomes disse...

Podes crer, Celestino. É assim que pouco a pouco vamos ficando mais pobres, com menos referências.
E, teimosamente, continuamos a apagar o nosso passado.

Armando Sena disse...

Estava a faltar esta. Esta escola onde a professora Graça já não foi minha professora, acabou por sê-lo no primeiro ano da nova escola.
Foi nesta, no entanto, que tive uma também distinta professora, a Dona Estrelita. Acabei por ser o último aluno dela nesta escola, em que a minha mãe tinha sido a sua primeira aluna. Curiosidades...Nesta escola sim, fomos todos muito felizes.

Graça Gomes disse...

É verdade, Armando. Nesta escola fomos todos muito felizes. Na velha escola onde andou a tua mãe, onde eu fui aluna e, anos mais tarde, professora, e na outra, a modernaça, agora convertida em quartel de Bombeiros.

Afonso Carneiro disse...

Ai que saudades, ai ai...Este edifício em cantaria aparelhada, foi frequentado durante quatro anos por este humilde Lebuçanense, recordo com saudades a Professora Adelina, era de Vila Real, quando fiz a 4ª classe foi transferida para outra escola, em todas as classes esta Senhora acabou por me ensinar...Bons tempos estes dos sete aos onze, sim dos sete, porque aos seis não eram todos que entravam na escola.
Uma última palavra para o painel de azulejos que tinha à entrada e que estava escrito (ou está?): Escola primária António Lima Sotto Mayor mandada construir pelo seu filho Jaime Sotto Mayor 1924.
Todos os alunos da escola sabiam de cor esta homenagem.

Um beijo
Afonso Carneiro.

Graça Gomes disse...

Lembro-me bem dessa professora, Adelina, porque, inicialmente, esteve hospedada na nossa casa do lado. Nessa altura eu já andava no Magistério (Escola) em Vila Real.
Acho que já te disse que ela faleceu há uns anos. Nova, ainda.

Arminda disse...

Ora cá está uma coisa de que nunca me tinha falado, Graça.
Esta, eu não conheci, mas da outa, guardo boas recordações.
É impressionante ver a ligeireza com que se derrubam coisas funcionais e cheias de significado.
Modernices...
Beijos