Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rio da minha saudade


Nasce em Espanha, próximo da fronteira, lança-se ao Tua e juntos atiram-se nos braços do Douro que, entre socalcos e vinhedos, os levará até ao mar, esse mar das caravelas e das descobertas.

Antes, a partir da nascente, este rio que se chama Rabaçal, foi desenhando o seu percurso, pachorrentamente, neste nordeste montanhoso. São estas montanhas que o abrigam e lhe sussurram histórias de lobisomens e lendas de mouras encantadas...

As suas margens, próximo da Ponte de Rebordelo, estão marcadas pelos passos de quantos o procuravam, nos verões quentes, e aí matavam a sede e o cansaço...

Veio-me à memória um poema/oração com que os Egípcios saudavam o seu grande rio, que eu vou adaptar ao Rabaçal:

Salvé ó Rabaçal, que te manifestas sobre esta terra e lhe dás vida!

Tu vens misterioso dos montes, regas os pomares criados por Deus e matas a sede na terra!










5 comentários:

Armando Sena disse...

Estive em Setembro no mesmo local a fazer umas fotos e lembrei-me do monte e da lenda do "Descalça a Bota". Era engraçado um post sobre essa história.
Beijos.

Paulo Sarmento disse...

Lindas imagens e lindo rio, muito bem descrito por ti, Graça.
Quando o tempo mo permitie hei-de ir ao Rabaçal e hei-de absorver toda a "belezura" que o lugar encerra.

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
belíssima homenagem ao "nosso" Rabaçal.
abs

João Ratão disse...

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.
(Fernando Pessoa)

Anónimo disse...

A nossa vida é bem comparada a um rio
que corre às vezes lentamente, calmo, numa mansidão que acaricia as margens,
e outras turbulento, arrebatador, que tudo arrasta.
É bem feita esta comparação...