Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 17 de outubro de 2010

Lagares Cavados nas Rochas ( mais uma vez)


Na Sexta-Feira passada, acompanhámos os Dr. Manuel Martinez Cordero, Mª del Rocio Acha Barral, Luisa Romão e Gonçalo Paulino, até uma quinta em Santa Valha, depositária de um grande Património Arqueológico.

O Dr.º Adérito Freitas serviu de cicerone, nesta visita direccionada para os Lagares Cavados nas Rochas, mas a grandeza e sumptuosidade de tudo quanto pudemos observar, deixou os visitantes estupefactos.

Foram unânimes em afirmar que no local há vestígios de ocupação de várias civilizações:

Castreja, Fenícia, Romana e Medieval.

Quem sabe se a história de Valpaços e da região não começou a desenhar-se neste local e poderá ser interpretada nos diversos monumentos aí existentes e em muitos outros que, eventualmente, estejam soterrados...









9 comentários:

Armando Sena disse...

Pena ainda não se ter conseguido explorar o potencial turístico destes vestígios de outras civilizações, será que é desta?

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
teremos que ver se conseguimos transformar este património em mais-valias para o concelho e seus habitantes.
abs

Graça Gomes disse...

Eu acho que seria uma saída para a nossa crise, que nada tem a ver com a do país onde vivemos.
Era isso mesmo, Srº Coroado.
Precisamos de rentabilizar este grandioso potencial que é o nosso património.

Anónimo disse...

Caríssimos,
Valpaços tem algo único, um património arqueológico vastíssimo e intacto.
Para que haja sucesso no aproveitamento deste património é necessário uma análise rigorosa:
1.Qual a faixa etária da população de Valpaços?
2.Quais as principais actividades que desenvolve? profissões em destaque no concelho?
3.Existe outros concelhos que concorram com Valpaços a nível cultural? e a nível de produtos? quais são eles?
5.Agora, faço novamente estas perguntas (a 1., 2. e 3.) ao nível das freguesias de Valpaços.

De certa forma, é tentar fazer um bom prato, não pela receita, mas pelo que existe na dispensa.

Fazer por exemplo a análise PORTER e SWOT (só ao nível cultural ou turístico e depois económico):
http://prof.santana-e-silva.pt/gestao_de_empreendimentos/trabalhos_alunos/word/Modelo%20de%20Porter%20e%20An%C3%A1lise%20SWOT_DOC.pdf

Se um dos factores cruciais é tornar todas actividades geradas em torno do património cultural sustentáveis, é necessário conhecer que actividades tenham lucro para se investir continuamente nesse mesmo património.

Veja-se por exemplo (http://macao.blogs.sapo.pt/58014.html), o caso do concelho de Mação, criou uma marca dos produtos alimentares (presunto, queijo e azeite), talvez (não sei) se Valpaços é forte num desses produtos, mas se não for, haverá outros.

O que quero dizer com isto tudo, é que actuar em várias áreas é algo imprescindível, e nesse sentido a agricultura é um estímulo para a economia do concelho, e fixação de população. Em último caso, Valpaços poderá funcionar como um concelho para visitar, e não tanto para residir/viver, se assim for terá de haver estratégias que tenham bem cientes do que se passa nos concelhos em redor para "captar" esses visitantes.
Excelente seria analisar casos semelhantes ao Valpaços noutros concelhos, e ver o que correu mal e o que foi benéfico.

Por exemplo, o Turismo Rural é extraordinário, mas é mais eficaz quando existe um programa/agenda cultural bem definido e que tente captar diferentes públicos-alvo: para jovens, talvez, desportos aventura; para quem aprecie a natureza, observatório de espécies.

Pode parecer que estou a desviar-me do assunto, mas o que pretendo é fazer um diagnóstico geral para apostar, como disse, em áreas lucrativas, para que esse mesmo lucro seja direccionado para o desenvolvimento cultural do património registado pelo ilustre Dr. Adérito Freitas.

Outro ponto, que até agora não tem sido muito divulgado, mas pode ser um ponto viragem (http://www.wwoof.pt/pt/home/) e passo citar o que está no site
"WWOOF é um programa de intercâmbio. Em troca de ajuda voluntária, as quintas WWOOF oferecem comida, alojamento e oportunidade para conhecer estilos de vida naturais"
Este é já o reduto do voluntariado, como solução, é certo que talvez possa ser agricultura de subsistência, mas que possa contribuir para o desenvolvimento económico (pelos produtos regionais). A pergunta que se faz: a quem se destina este programa? imaginemos que é para jovens (visto não possuírem uma autonomia financeira). Então e que jovens seriam? do concelho de Valpaços? do Instituto Politécnico de Bragança ou da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro? No fundo, é entender o circuito que pode desencadear uma acção com vista ao sucesso ou fracasso. Por isso é, importante pensar, focar na solução.

Peço desculpa de estar a referir estes pontos sem conhecer a realidade total do concelho de Valpaços, o meu intuito é tentar ajudar para uma melhoria decisiva.

Fico feliz pela vontade de quererem "transformar este património em mais-valias".

Adorei visitar Valpaços bem como os Lagares Cavados na Rocha.

Bem-haja,
Gonçalo Paulino

Bruno Salvador disse...

Bem…!!!!..., depois de tudo que aqui li, só temos que deitar mãos à obra (dar o nosso contributo por mais pequeno que seja) e fazer algo por esta herança que pode e deve ser preservada.
O que hoje representa este património ainda desconhecido, e o que poderá representar no futuro, deve ser o mote necessário para respeitarmos esta “jóia da coroa” do panorama cultural no nosso concelho.
Bj

Graça Gomes disse...

Depois de ouvirmos as sábias palavras do Dr. Gonçalo Paulino, que, pelo conhecimento da realidade valpacense, mais parece um transmontano residente, só nos resta ... arregaçar as mangas.
Bem-haja, Dr. Paulino, por esta lição com que nos brindou.
Valpaços e o seu Património contam consigo, nesta fase de delinear caminhos e estratégias.
Eu também conto.

Leonel Salvado disse...

Meus Senhores! Peço imensa desculpa por logo nesta minha primeira incursão pelas caixas de comentários de “Lebução de Valpaços” vir interromper a vossa já longa, amena e bastante interessante conversa, cujo tema costuma ser também do meu interesse e curiosidade. Fui colhido de surpresa, pois a minha intenção era, e continua a ser, por mais despropositado que possa parecer neste contexto, a de congratular-me com a existência deste aprazível blogue, com um bom arranjo e belos efeitos gráficos… e não só!! Lamento o facto de o ter percorrido com a maior atenção um pouco tardiamente, pois encontro nele, para além do presente post uma correcta abordagem de vários temas, no âmbito do património histórico-cultural, que despertaram a minha curiosidade e merece o meu apreço pelo discurso claro, objectivo e necessariamente conciso que é aqui adoptado, bem como pela qualidade e pertinência das imagens. À Autora, Graça Gomes, os meus sinceros Parabéns. Parabéns também pela sua manifesta dedicação à preservação da identidade da comunidade lebuçanense e aproximação dos que a ela se encontram ligados bem como pelo excelente resultado do trabalho que tem feito nesse sentido.
Já agora, comungando o “Clube de História” da mesma ideia subjacente à criação de “Lebução de Valpaços”, aproveito esta oportunidade para saber se a Senhora Graça Gomes se encontra na disposição de partilhar este artigo (e de outros já publicados que venham a sê-lo) que se nos afigurem de igual interesse para os nossos leitores, ficando assegurada em caso de resposta afirmativa a devida referência às fontes – textos, fotos… (autor/a e url do respectivo blogue), acto que sempre assumimos como uma obrigação.

Em nome dos restantes membros do “Clube de História de Valpaços”,

Bem-haja

Graça Gomes disse...

É óbvio que partilharei, com imenso gosto e um pouquinho de vaidade, tudo que o blog "Clube de História" entender necessário.
Muitas vezes, os mais humildes também podem ajudar a crescer os grandes.
Parabéns pelo trabalho realizado em prol do Concelho, da Região, do País e do Mundo.
A vossa iniciativa deve ser louvada e aplaudida.
Pela minha parte rendo-me perante tão meritório trabalho.

Unknown disse...

Professora Graça,

Na realidade, a nossa última sexta-feira foi apaixonante.
Contactar em primeira mão com a extensa e excelente obra do Dr. Adérito Freitas é fascinante mas conhecê-la "in loco", tendo-o como cicerone, é algo de inesquecível. Confesso que me comovi algumas vezes...
Valpaços tem sido para mim, lisboeta, uma surpresa atrás de outra. O património existente e a sua qualidade é qualquer coisa de inimaginável. Houve quem o descobrisse, agora há que o preservar. Valpaços pode fazer a diferença na área do tratamento do património cultural em Portugal.
Não conheço outro concelho com o potencial do vosso. Tão virgem e, talvez por isso, tão apelativo e interpelativo.
Como salienta o Dr. Adérito Freitas, ainda só se viu a ponta do icebergue mas, mesmo esta ponta, tem que ser tratada senão desaparece. Nesse sentido, deixo algumas sugestões que considero indispensáveis para a preservação desse património e que têm o acordo dos meus amigos Manuel Martinez e María del Rocío Acha Barral, os museólogos do país vizinho que nos acompanharam:
1ª - Fazer-se uma Associação, como por exemplo, Associação para Preservação do Património do Concelho de Valpaços;
2ª - Esta Associação serviria como consultora cultural para o tratamento, preservação e divulgação da totalidade do património;
3ª - Tendo como base a obra do Dr. Adérito Freitas, fazer-se uma classificação de todo o material levantado e identificado como "Património de interesse cultural" (ou qualquer outra classificação), de forma a impedir a sua destruição;
4ª - Pensar-se num modelo de museu em que todo o património valpacense (e não só o vinho, opção muito redutora) aparecesse devidamente tratado por temáticas e, a partir destas, criarem-se centros interpretativos e roteiros (deixei alguns folhetos com o Dr. Paulo Castro que podem servir de exemplo).

Mais não me ocorre, para já. Muito há a fazer.
Como diria o nosso amigo Manuel Martinez "hay que trabajar, trabajar, trabajar!" e nisso os transmontanos dão "cartas"...

Um grande abraço para si e para todos os valpacenses. Foi uma honra poder estar convosco!

Até breve!

LR