Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tradição e Modernidade


O granito predominou durante séculos nas habitações da zona Norte de Portugal, nomeadamente em Lebução, confundindo-se com a paisagem rochosa em tons de cinzento e castanho. As casas do norte são geralmente de dois pisos, um térreo para arrumações e abrigo do gado, e um andar de sobrado para habitação. Nesta região predominam terrenos graníticos, que servem de matéria-prima para a construção das casas, garantindo a protecção contra a chuva e as baixas temperaturas próprias desta região.


Coabitando com estas encontram-se outras, de arquictetura importada, de materiais que não eram os usuais nesta região e que vieram adulterar a paisagem circundante.






7 comentários:

Alexandra Gomes disse...

Tradição e modernidade!

Eu gosto bem mais da tradição....

Bjinhos

Ana Alexandra Rodrigues disse...

A tradição já não é o que era... agora com as novas modernidades tudo acaba por desaparecer.

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
inevitáveis mudanças que vieram com as influências e a modernidade... Pena foi que não tivessemos sabido coonservar o que de bom e único tínhamos.
abs

João Ratão disse...

Não há um modelo único que possa caracterizar a casa tradicional portuguesa.
São muitos os formatos e materiais utilizados, com tradições pelo país fora, que o tijolo e o cimento vão fazendo desaparecer.

Além Tâmega disse...

Reunir a vertente tradicional à moderna duma maneira criativa, sem floreados, sem falsos enfeites, é uma forma de respeitarmos o passado e caminharmos para o futuro.
A irto chamo progresso, independentemente dos gostos.

Madrugada disse...

A minha casa
É toda a casa
Uma casa no mundo
Que não pára nem por segundo

Terra com tantos extremos
Tanta alegria e pobreza
Tanta dor e riqueza
É desolação..

Que mundo inconsciente
É o que nos rodeia
Que nos mostra felicidade
No meio de mar tão ardente

Mas que mar esse?
Tão enfermo, tão iludido..
Tão endurecedor o ouvir da badalada
E o tempo a passar..
É nada!

Ele passa, passa..
É real, é imaginário..
Mas que sonho tão precário
Este mundo ao contrário

É uma terra desmedida
Sem paz ou qualquer raiz
Uma vontade esquecida
De sair e ser feliz..
(autor desconhecido)

Graça Gomes disse...

A todos os comentaristas deste post dedico este poema de Fernando Pessoa:

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a Humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os terá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi
sua.
Passo e fico, como o Universo.