Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Comemoramos o 2º aniversário do Blog





Hoje, o Blog Lebução de Valpaços, completa dois anos de existência. Neste espaço de tempo, o blog vestiu-se de novas roupagens isto é, conseguiu novo visual, mas manteve a ideologia definida, quando da estruturação do projecto - uma fonte de informação e ponto de encontro, fundamentalmente, para os que estão fora da terra. Houve desvios? Naturalmente que sim. Mas em todos os caminhos que palmilhamos pode, e deve, haver pequenos desvios, para dar mais sabor à jornada, como já disse noutra ocasião. Se assim não for, a caminhada torna-se demasiado monótono.

As estatísticas não deixam margem para qualquer dúvida...

A postagem desta data foi escolhida, um pouco, com o coração e, também, porque este texto fez primeira página em muitos blogues direccionados para o ambiente, nomeadamente "A Sombra Verde," http://sombra-verde.blogspot.com/2010/03/perder-uma-arvore-e-como-perder-alguem.html .

Foi para vós e convosco que eu percorri este caminho.

Bem hajam.


Perder uma árvore é como perder alguém que se ama
Relato, na primeira pessoa, de uma tília derrubada.




"A "minha" tília foi derrubada.


Depois de várias investidas frustradas, conseguiram deitá-la ao chão. Já antes a tinham decepado, cortando-lhe dois imponentes ramos.

E em toda esta história destaca-se este gigante de tronco grosso e braços levantados ao céu que, heroicamente, resistiu, enquanto teve forças, às investidas do tempo e do homem.

Suportou os rigores de muitos invernos e os verões escaldantes queimaram-lhe as folhas.

O luar, branco inundou-a de luz, tantas vezes, e tornou mais brilhantes as folhas prateadas a que a tília dava vida.

Olho para o tronco retalhado, espalhado pelo chão, e vem-me à memória o meu pai e um madeireiro interessado na compra, já lá vão uns anos, --dou-lhe cem contos pela árvore.

Mas o meu pai respondeu, ofendido e determinado: nem por mil contos a venderia!

Porque a nossa tília sempre acompanhou, do alto da sua ramagem e dos muitos, muitos anos, a minha família, durante cinco gerações. Viveu as nossas alegrias e chorou, connosco, quando a desgraça nos bateu à porta. Plantada pelo meu bisavô, Francisco Bernardo Pimentel, num lugar alto, donde avistava todo o casario, assistiu ao desenrolar das vidas desta gente e ao nascer do sol nos "Outeiros".

Olho para o chão, novamente. Ali está o tronco retalhado, cheio de seiva, e as memórias são brutalmente dolorosas: Ali está de novo o meu pai, a organizar a lenha para o Inverno, debaixo da tília, que o protegia e lhe ouvia os queixumes. E como eles conversavam nessas tardes de Primavera e Outono...... Nem por mil contos a venderia!

Ela era parte da nossa família, era nossa. Durante mais, muito mais de um século foi tratada e acarinhada. Era com muito cuidado que lhe tirávamos meia dúzia de flores para o chá.

Olho para o chão, mais uma vez, onde ela continua desfeita, retalhada, vencida pelo homem.

As recordações atingem-me como raios fulminantes e eu não consigo libertar-me delas.

Oiço a sª Amélia Lavrador, a sª Amélia da Praça, dizer: Quando a tília está em flor, a Praça fica com um cheiro que até dá gosto.

A Primavera está cá. Desta vez, na Praça, não vão sentir aquele cheirinho de flor de tília, e ela, a tília, jamais verá aparecer o sol nos Outeiros.

O meu pai, já há muitos anos, que não procura o abrigo dos seus ramos para preparar a lenha para o Inverno.

E ela está vencida, derrotada, retalhada, espalhada pelo chão.

Antes de tombar, dizem, elevou uma prece aos céus, pedindo um sono suave e tranquilo para aqueles que foram a sua família e que acompanhou, de ramos curvados, à última morada."












9 comentários:

Armando Sena disse...

Os meus parabéns pelo 2º aniversário. E que bela forma de o comemorar com uma foto de Lamadeiras.
Desejos de continuação do sucesso.

Luís Fernandes disse...

P A R A B É N S!

Acrescentados com uma dedicatória - roubadinha a um Poeta de Faiões:
...

Debaixo das Tílias

Das tílias direi
Que prendem os ventos
E os soltam mais brandos,
Molhados de aromas.
Se os robles são força
E o cipreste o luto,
As tílias evocam
A urbanidade:
Por baixo das tílias
Desfilam as armas;
À sombra das tílias
Passeia a cidade.

-Edgar Carneiro, in “A Faca no Pão”



PARABÉNS!


Luís Fernandes

Graça Gomes disse...

Ao Armando e ao Luís os meus agradecimentos pelas palavras.
Um abraço, quer dizer, dois abraços.

Anónimo disse...

Há bolo e champanhe? Se há conte comigo para a festa.
Parabéns professora Graça por estes dois anos e por ter que aturar gajos como eu. Muitos beijinhos.

Graça Gomes disse...

Olá anónimo do meu coração!
Então tu achas que se houvesse festa não serias convidado?
Partilharia contigo o bolo e tudo o mais, porque tu és o meu anónimo preferido.
Beijos e abraços.

Ana Ramon disse...

Perder uma arvore é como perder alguém que se ama"
Conheço muito bem o sentimento de perda a que esta frase se refere.
Já chorei pela morte de algumas das minhas árvores, que têm sido derrubadas não pela mão do homem mas sim pela fúria das tempestades.
E fico perplexa pela seu abate indescriminado, reveladores do ódio que os homens nutrem por elas em vez de amor e protecção. O que aconteceu ao nosso sentimento de ligação com a natureza?
Parabéns pelo blog, excelente, na minha opinião, e muitos anos de vida.

Pedro Reigada disse...

O seu Post foi mais que adequado ao momento. Nunca é demais denunciarmos estes atentados ambientais. É necessário despertar consciências se queremos continuar a viver neste planeta.
A forma mais eficaz, a meu ver, de sensibilizar o ser humano é a Educação, pois à medida
que se desperta a consciência, pode-se esperar uma atitude transformadora.
Já agora parabéns pelo segundo aniversário do Blog. Que conte muitos, com essa qualidade que o caracteriza

Pedro Reigada disse...

O seu Post foi mais que adequado ao momento. Nunca é demais denunciarmos estes atentados ambientais. É necessário despertar consciências se queremos continuar a viver neste planeta.
A forma mais eficaz, a meu ver, de sensibilizar o ser humano é a Educação, pois à medida
que se desperta a consciência, pode-se esperar uma atitude transformadora.
Já agora parabéns pelo segundo aniversário do Blog. Que conte muitos, com essa qualidade que o caracteriza

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
felicitações pelo aniversário do seu blogue. Obrigado por ter partilhado connosco um pouco da sua maneira de ver o nosso mundo.
Abs