Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Este Outono de mil cores

O vento que sopra das montanhas, e os dias que acabam a meio das tardes, fazem-nos lembrar que estamos no Outono. Instalou-se de mansinho, sem grande alarido e, pouco a pouco, foi empurrando o Verão, que, teimosamente, não queria arredar pé.

Começamos a tirar dos armários os agasalhos e a acender as lareiras, que lançam no ar manchas de fumo cinzento, como cinzentos estão os dias. E essas manchas de fumo vão juntar-se às nuvens, prestes a rebentar, de carregadas que estão.

E é uma bênção, esta água, que cai do céu, tão desejada e tão suplicada, pela gente da minha terra!"

-Meu Deus, nunca mais chove! Esta seca vai dar cabo de nós, nem ramo verde vai ficar para amostra. A terra está tão seca que nem o arado lhe entra. Como podemos sementar o pão? E as nascentes, sequinhas, que não há jeito de rebentarem... Onde vamos buscar água? Se a fonte não secar, estamos governados ..."

Estes os queixumes, em forma de prece, que mais se ouviam, da boca daqueles que vão buscar à terra o pão nosso de todos os dias, antes da chuva molhar os campos.



que a terra ficou viúva

Até correu seca e Meca

fartou-se de pedir chuva

A chuva quis-lhe agradar

banhou a terra as culturas

A água deu-lhe pla barba

a fome em farturas»


(Carlos Paião)



































2 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
belíssimo post! Felicitações pelas imagens.
abs

Anónimo disse...

E deste gostas? Não sei quem é o autor. Beijos.

Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.