«Quero despedir-me de si», lê-se na missiva do enfermeiro portuense, enviada hoje a Cavaco Silva e que tem como título ‘Carta de despedida à Presidência da República’.
O enfermeiro Pedro Marques, que diz sentir-se «expulso» do seu próprio país, implora a Cavaco Silva para que não crie um «imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade» e apela ao Presidente da República para que permita poder regressar um dia a Portugal.
«Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia», lê-se.
Em entrevista à Lusa, Pedro Marques conta que vai ser enfermeiro num hospital público de Northampton, a 100 quilómetros de Londres, que vai ganhar cerca de 2000 euros por mês com condições de progressão na carreira, mas diz também que parte triste por «abandonar Portugal» e a «família».
Na mala, Pedro vai levar a bandeira de Portugal, ao pescoço leva um cachecol de Portugal e como companhia leva mais 24 amigos que emigram no mesmo dia
Mónica Ascensão, enfermeira de 21 anos, é uma das companheiras de Pedro na diáspora.
«Adoro o meu país, mas tenho de emigrar, porque não tenho outra hipótese, porque quero a minha independência, quero voar sozinha», conta Mónica, emocionada, pedindo ao Presidente da República e aos governantes de Portugal para que «se preocupem um pouco mais com a geração que está agora a começar a trabalhar».
«Adoraria retribuir ao meu país tudo aquilo que o país deu de bom», diz, acrescentando que está «zangada» com os governantes, porque o «país não a quer mais».
Pedro Marques não pretende que o Presidente da República lhe responda.
«Sei que ser político obriga a ser politicamente correcto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho», lê-se na carta de despedida do filho de uma família de emigrantes que se quis despedir de Cavaco Silva.
Lusa/SOL



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1 comentário:
Cantar de Emigração
Adriano Correia de Oliveira
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
Parabéns professora Graça. Bjs
João Pires
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