Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Chuva frio e Ladaínhas



Lá anda, novamente, o Inverno a interferir nos assuntos da Primavera, o que nos põe, a todos, a bater o dente. Este frio e muita chuva, já fora de época, deixam, os lavradores da minha terra, à beira de um ataque de nervos. É o calendário a trocar-nos as voltas e a andar para trás, num ciclo que não é usual.
Noutros tempos, em anos de seca, organizavam-se procissões de fé e esperança, as Ladaínhas, pedindo aos santos água para fertilizar os campos e permitir boas colheitas. E, acerca dessas Ladaínhas, em anos de seca, ouvi, a um amigo, uma história, no mínimo hilariante.
Há meses que não chovia, numa aldeia de concelho de Vinhais. A população, desesperada, recorreu a um seminarista da terra, a passar férias na localidade, pedindo que organizasse uma Ladaínha, implorando a benção da chuva.
E aí vão eles, percorrendo os caminhos habituais, o povo seguindo o candidato a sacerdote que, clamando por todos os Santos da Corte Celestial, pedia, fervorosamente, água para molhar os campos.
Depois de recolher a procissão, o povo e o seminarista, recolheram, também, a suas casas.
Dali a pouco começou a ouvir-se, ao longe, o som do trovão, presságio de tempestada. Não tardou muito, abateu-se sobre a localidade uma trovoada tal, com chuva diluviana que, em instantes, arrasou culturas e matou gado que andava no monte.
Conta-se que o seminarista teve que fugir, porque o povo, enfurecido, com a desgraça que se tinha abatido sobre a terra, culpou-o de tamanha catástrofe. Entendeu, o povo, que a reza não teria sido bem feita, para a água vir na medida certa... Também, seminarista não é padre!



















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