Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 11 de junho de 2013

Os segadores e o ramo da segada



A segada era um dos trabalhos de particular importância nas comunidades rurais, nomeadamente na minha terra. Desde o nascer ao por do sol, apenas com pausas para o mata-bicho e jantar (almoço), que tinham lugar em determinado terreno. Ao longo do dia, os segadores, curvados sobre a foice, iam percorrendo terreno a terreno, irradiando uma alegria constante!... Faziam-se «apostas», discutia-se o número de regos que cada um segava, quem era o melhor segador, quem atava melhor, arranjavam-se namoricos e, no final, o momento esperado: o recolher dos molhos para a roda (morneiro) - feita normalmente no meio da propriedade,  onde ficavam sobrepostos,  até à acarreja.

O ramo da segada (arranjo feito em cruz), era feito de flores campestres, onde sobressaíam os estourotes, planta que abunda, nessa época, nos campos de cereais. Era uma maneira singela de homenagear os patrões, aqueles que lhes davam a vida a ganhar. Era transportado por um dos segadores, que seguia à frente do rancho, entoando cânticos, até à porta do patrão, a quem o entregavam para exposição pública, normalmente feita nas varandas de casa. Destinava-se, também, a pedir protecção divina.
 Como agradecimento pelos cânticos e pelo terminar do trabalho, era então dado de beber (vinho) aos segadores, através de uma cabaça,  que circulava de boca em boca, saciando a sede de quem mourejou todo o dia, de sol a sol..

















1 comentário:

Anónimo disse...

Para ti uma canção das segadas.
Onde vais Maria Alice,
Tão triste a chorar,
Vou chamar meu marido,
Que está na taberna a jogar.

Está na taberna a jogar,
Está numa linda brincadeira,
Se não queria casar comigo,
Deixaras-me estar solteira.

Deixaras-me estar solteira,
Solteirinha estava bem,
Sentadinha, regalada,
À sombra de meu pai e mãe

Beijinhos
Luís Salgado