A segada era um dos trabalhos de particular importância nas comunidades rurais, nomeadamente na minha terra. Desde o nascer ao por do sol, apenas com pausas para o mata-bicho e jantar (almoço), que tinham lugar em determinado terreno. Ao longo do dia, os segadores, curvados sobre a foice, iam percorrendo terreno a terreno, irradiando uma alegria constante!... Faziam-se «apostas», discutia-se o número de regos que cada um segava, quem era o melhor segador, quem atava melhor, arranjavam-se namoricos e, no final, o momento esperado: o recolher dos molhos para a roda (morneiro) - feita normalmente no meio da propriedade, onde ficavam sobrepostos, até à acarreja.
O ramo da segada (arranjo feito em cruz), era feito de flores campestres, onde sobressaíam os estourotes, planta que abunda, nessa época, nos campos de cereais. Era uma maneira singela de homenagear os patrões, aqueles que lhes davam a vida a ganhar. Era transportado por um dos segadores, que seguia à frente do rancho, entoando cânticos, até à porta do patrão, a quem o entregavam para exposição pública, normalmente feita nas varandas de casa. Destinava-se, também, a pedir protecção divina.
Como agradecimento pelos cânticos e pelo terminar do trabalho, era então dado de beber (vinho) aos segadores, através de uma cabaça, que circulava de boca em boca, saciando a sede de quem mourejou todo o dia, de sol a sol..
1 comentário:
Para ti uma canção das segadas.
Onde vais Maria Alice,
Tão triste a chorar,
Vou chamar meu marido,
Que está na taberna a jogar.
Está na taberna a jogar,
Está numa linda brincadeira,
Se não queria casar comigo,
Deixaras-me estar solteira.
Deixaras-me estar solteira,
Solteirinha estava bem,
Sentadinha, regalada,
À sombra de meu pai e mãe
Beijinhos
Luís Salgado
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