A mulher que levou João Paulo II aos altares
27.04.2014 Por Tânia Jesus, texto editado por Bárbara Wong
João Paulo II vai ser, este domingo, canonizado e para a tomada de decisão contribuiu essencialmente uma mulher: Floribeth Mora. A fiel, natural da Costa Rica, de 50 anos, tinha uma doença terminal e inexplicavelmente curou-se. O milagre, atribuído ao Papa polaco, foi decisivo para torná-lo santo
Floribeth Mora contou ao jornal da Costa Rica, La Nácion Nacional, que o milagre aconteceu quando estava em casa, à espera da morte, uma vez que os médicos defendiam que, devido à gravidade do aneurisma, não teria mais do que um mês de vida. Nesse dia, quando olhou para um postal de João Paulo II – uma imagem que a acompanhou durante toda a luta contra a doença –, ouviu a voz do Papa que lhe disse “levanta-te e não tenhas medo” e, nesse dia, curou-se.
A crente, mãe de quatro filhos e avó de seis netos, vive numa casa modesta num bairro de classe média fora da capital da Costa Rica que se tornou, desde que a história veio a público, ponto de paragem obrigatória não só para os jornalistas, que diariamente a visitam, mas também para muitos crentes fascinados pelo milagre. O marido de Floribeth Mora admitiu que a mudança gerada na vida da mulher tem sido, também para si, “uma experiência de vida”.
A mulher que se tornou, para muitos, um verdadeiro símbolo de fé, dedica o pouco tempo que tem disponível a um negócio familiar. Floribeth Mora admitiu, em tom de brincadeira, à Associated Press, que tem “sorte” por ter o seu próprio negócio, uma vez que se “tivesse um chefe” já tinha sido despedida por “faltar muito ao trabalho”.
A costa-riquenha garantiu que apesar de nunca ter feito parte, em jovem, de “grupos paroquiais” a fé em João Paulo II sempre foi “muito grande”. Durante esta luta pela canonização do Santo Padre, a fiel explicou que o mais difícil foi a reacção de algumas pessoas à sua história, que chegaram, inclusivamente, a insultá-la e chamá-la “maluca” e “ridícula”. Apesar disso, a mulher contou, ao jornal La Nácion Nacional, que “continua no seu caminho” e o mais importante é estar “curada”.
Para o Vaticano, onde vai ser convidada de honra na canonização dos Papas João Paulo II e João XXIII, Floribeth Mora leva uma mala com todas as petições que lhe foram entregues desde que o milagre se tornou público. Nomeadamente, livros escritos por sacerdotes e cartas de fiéis de todas as nacionalidades, uma delas de uma família venezuelana que pede paz para o seu país.
“Levarei as petições com toda a fé do mundo, no entanto, há quatro histórias que me marcaram: a de uma senhora com um derrame cerebral; de um menino, de cinco anos, que tem um tumor no cérebro; a de um bebé que vive entubado; e a de uma mulher grávida que sofre porque o seu filho está muito doente”, contou.
Floribeth Mora sublinhou ainda que, a sua presença em Roma não é “o mais importante”, o importante é a “canonização”. “Sou apenas um instrumento que João Paulo II utilizou para que vejam a sua grandeza reflectida no mundo”, concluiu.
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