Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 30 de novembro de 2014

Bebi água em muitas fontes



No sonho se mede o encanto
que me dá esta alegria
a saudade só me chama
quando a noite se faz dia

As estrelas já eu sei
que são luzes pequeninas
como os ciganos que cantam
dia e noite as suas sinas

Tenho o nome de uma pedra
sou cascalho e vivo só
passei toda a mocidade
em casa de minha avó
tinha fruta no quintal
duas videiras verdosas
um eucalipto crescido
ao pé de um vaso de rosas

Bebi água em muitas fontes
e vi estrelas lá no céu
todavia sou pastor
dum gado que não é meu

Sonhei guitarras e guizos
ouvi poetas nas vendas
cantando a vida dos pobres
com os seus vícios e lendas

Comi uvas, bebi vinho
vi lagartos e lebrões
andei com velhos malteses
assassinos e ladrões

Dormi a sesta nos montes
levei porcos ao Barreiro
andei nas feiras guardando
o meu gado o ano inteiro

Lá nas moitas aprendi
a ser aquilo que sou
um camponês que não pensa
nas coisas que já pensou

Da macela faço o chá
e da esteva faço a cama
a hortelã tira o sarro
aos frutos verdes sem rama

Agarro a névoa aqui perto
nas margens de uma ribeira
é na saudade que sinto
que mato a minha canseira

Montei cavalos de Alter
vi galgos de Montemor
saltei valados e rios
e compuz versos de amor

É na lonjura que eu gozo
o vento que vem do céu
todavia eu sou pastor
de um gado que não é meu


 Antunes Da Silva 



























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