Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A casa rural transmontana



Primitivamente a casa transmontana era constituída por uma só divisão, térrea, onde a família, a numerosa família, vivia e convivia com alguns animais. Posteriormente foi necessário arranjar espaço para os animais de maior porte, aqueles que ajudavam o homem nas lides do campo. E foi esse espaço, térreo, que lhes foi destinado em parceria com as alfaias e alguns produtos agrícolas.
A cozinha da casa rural transmontana é espaço nobre, o mais ocupado. É aí, que a família passa a maior parte do tempo em que se encontra em casa. Principalmente durante os longos períodos de Inverno rigoroso, a família transmontana reúne-se em volta da lareira, onde se alinham panelas para confeccionar as refeições, Ao lado da lareira está sempre um grande banco, o escano, um banco de madeira de costas altas, onde cabem quatro ou mais pessoas. 
Havia, ainda, o curral, o lugar onde os animais permaneciam. Tinha uma grande fachada ou porta carral, de pelo menos três metros de altura para passarem livremente os carros de lenha ou de feno. 
O espaço que ficava em falso sob as escadas, era aproveitado para o galinheiro. Ficava um buraco na parede para as galinhas entrarem, ao qual tinham acesso por uma tábua. Daqui surgiu a expressão popular de, todos os dias ao pôr-do-sol “ir fechar o buraco das pitas”. 
Toda a parte superior da casa assentava sobre grossas traves.
Do cimo das escadas passava-se à varanda de madeira, aberta larga e corrida, rodeada por um corrimão e situada geralmente a sul ou a nascente. É o espaço característico da casa transmontana que está a desaparecer. Parte da vida da família camponesa transmontana passava pela varanda. Nela, na varanda, secava-se a roupa e os cereais, fiava-se o linho e a lã, remendava-se, rezava-se o Terço, apanhava -se sol, seroava-se nas noites quentes de Verão,amamentavam-se os filhos e até se faziam as bodas.
Hoje, a varanda, já não tem a função de outros tempos. 
Serve, ainda, para ver passar Procissões e para expor vasos de sardinheiras, cheirosas e coloridas.
































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