Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Passo a passo rumo ao alvorecer



Vens dos baluartes do silêncio
e de silêncio em silêncio tu caminhas
apalpando as horas
como uma esfinge acuada pela noite.


Véspera de todos os destinos
chegas vestida pela aragem e a penumbra
pelo farol das constelações e a figuração dos signos
pois só os astros conhecem teus segredos
e eis porque são inconfessáveis os teus vultos
gestos sem ribalta num teatro de amantes
e de conspiradores.


És o remanso da criatura
o repouso das palavras
o murmúrio dos elementos
um felino que caminha sobre a relva
um pio solitário
um latido na distância. 


Marchas pelo ventre da noite
na cadência inexorável do tempo
passo a passo rumo ao alvorecer
e é tão sutil tua chegada
porque caminhas na melodia mágica do silêncio
no rastro e no sigilo dos teus passos...
Uma telúrica canção és tu
um surdo cantochão
uma elegia que a luz ofuscará.


Teu corpo de orvalho e de enigmas
é uma vestal sagrada
aceso santuário
ungindo a luz e o movimento.
Negros são teus olhos
clareando lentamente sobre a relva
e sobre as águas.

Colhida no noturno imenso
és imensa ao ressurgir raiada
das abissais aldeias da sombra e do mistério.
Chegas enfim para morrer na aurora palpitante
taça de luz
cântaro de fogo
arquétipo planetário da esperança
no esplendor de todo amanhecer.


Manoel de Andrade
















































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