Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Virtudes e pecados de um lugar encantador_restaurante Árvore


Virtudes e pecados de um lugar encantador




Para lá da vista ímpar e do enquadramento histórico e patrimonial, no restaurante da Cooperativa Árvore, no Porto, há a açorda de bacalhau, a posta de vitela, o cabrito no forno e até milhos transmontanos. Para saborear e desfrutar do lugar.



É rodeado de Virtudes que está o restaurante Árvore. Não só as da toponímica, que vão da alameda ao passeio e jardim, mas também as relativas ao enquadramento que fazem do lugar um dos recantos mais atractivos e encantadores da zona histórica do Porto. Por dentro, há também as muitas virtudes que destacam uma boa cozinha associada a produtos e sabores transmontanos, a par de alguns pequenos pecados. 
É nas instalações da Cooperativa Árvore que se acolhe o restaurante. Ocupa parte dos antigos armazéns do piso inferior do edifício, ao qual foi acoplada uma sala envidraçada com amplas e virtuosas vistas sobre o rio Douro, Gaia e o edifício da Alfândega. Um dos atractivos é o jardim envolvente que recebe o bar e esplanada que se abrigam sob o arvoredo centenário e aproveitam também os românticos bancos de namorados do muro de granito. 
Para lá da vista ímpar e da carga histórica e patrimonial, o cenário torna-se quase idílico com a panorâmica do Jardim das Virtudes que se desenvolve encosta abaixo e em sucessivos socalcos. Com o afluxo de turistas, há muito que deixou de ser um dos segredos mais preservados da cidade, mas mantém, mesmo assim, a original envolvência natural e contemplativa. 
A par da criação e divulgação artística, o projecto da Árvore procura a implicação social, as dinâmicas culturais e criação de públicos cada vez mais alargados. É neste contexto que surge a abertura do restaurante, uma velha aspiração concretizada há um ano. A exploração do espaço está ligada ao restaurante Boa Cêpa, de Valpaços, que aqui procura replicar a boa cozinha com produtos e receitas de raiz transmontana com apontamentos de elegância e modernidade. 
Há a posta de vitela, o cabrito no forno e, até, em circunstâncias especiais, os tradicionais milhos transmontanos. Aos sábados é dia de cabrito e bacalhaus, mas a carta propõe a vitela assada na púcara, o polvo confitado em azeite ou o bacalhau no forno com presunto e crosta de broa. A par da carta existe também de segunda a sexta o “menu executivo”, propondo refeição completa por 8,50€. 

Instalados na esplanada e a olhar o Douro avançamos pelas “entradas” com a salada Árvore (12€) e outra de bacalhau incluída no menu económico do dia. Muito completa a primeira, com rolinhos de presunto (salgadote), bolinhas de queijo mozzarela, nozes, alfaces e cebola, que se temperou com o excelente azeite premium da Cooperativa de Valpaços. Um petisco à moda da aldeia a segunda, com o bacalhau esfiado, cebola picada e bom azeite.
Na secção de “peixes” — que, em boa verdade, pelo menos frescos, não constam — oferece-se bacalhau, polvo, gambas em espetada, e uns pouco canónicos “linguini com frutos do mar” e “paella marinheira”, com preços por dose que variam entre os 16 e 20 euros. Em boa hora se convocaram os filetes de bacalhau com açorda do mesmo (16€), de primorosa e apurada confecção. Caldo gelatinoso e o aroma fresco dos coentros a envolver o pão rústico, tudo saboroso, apetitoso e em equilíbrio. Filetes escorridos com a capa de ovo e farinha a envolver o bacalhau limpo de pele e espinhas e a decompor-se em saborosas lascas. Muito bem demolhado, temperado e cozinhado. 

Por José Augusto Moreira















































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