Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Quem deixou meus Pais envelhecerem



Quem deixou meus Pais envelhecerem

Meus pais não são velhos. 
Quer dizer, velho é um conceito relativo. 
Aos olhos da minha avó são muito moços. 
Aos olhos dos amigos deles, são normais. 
Aos olhos das minhas sobrinhas, são muito velhos. Aos meus olhos, estão envelhecendo. 
Não sei se lentamente, se rápido demais ou se no tempo certo. 
Mas sempre me causando alguma estranheza.
Lembro-me de quando minha mãe completou 60 anos. Aquele número me assustou. 
Os 59 não pareciam muito, mas os 60 pareciam um rolo compressor que se aproximava. 
Daqui uns anos ela fará seus 70 e eu espero não tomar um susto tão grande dessa vez. 
Afinal, são apenas números.
Parece-me que a maior dificuldade é aprendermos a conciliar nosso espírito de filho adulto com o progressivo envelhecimento deles. 
Estávamos habituados à falsa ideia que reina no peito de toda criança de que eles eram invencíveis. 
As gripes deles não eram nada, as dores deles não eram nada. 
As nossas é que eram graves, importantes e urgentes. 
E de repente o quadro se inverte.
Começamos a nos preocupar- frequentemente de forma exagerada- com tudo o que diz respeito a eles. 
A simples tosse deles já nos parece um estranho sintoma de uma doença grave e não uma mera reação à poeira. 
Alguns passos mais lentos dados por eles já não nos parecem calma, mas sim uma incômoda limitação física. 
Uma conta não paga no dia do vencimento nos parece fruto de esquecimento e desorganização e não um simples atraso como tantos dos nossos.
Num dado momento já não sabemos se são eles que estão de fato vivendo as sequelas da velhice que se aproxima ou se somos nós que estamos excessivamente tensos, por começarmos a sentir o indescritível medo da hipótese de perdê-los- mesmo que isso ainda possa levar 30 anos.
Frequentemente nos irritamos com nossos pais, como se eles não estivessem tendo o comportamento adequado ou como se não se esforçassem o bastante para manterem-se jovens, vigorosos e ativos, como gostaríamos que eles fossem eternamente. 
De vez em quando esbravejamos e damos broncas neles como se estivéssemos dentro de um espelho invertido da nossa infância.
Na verdade, imagino eu, nossa fúria não é contra eles. 
É contra o tempo. 
O mesmo tempo que cura, ensina e resolve é o tempo que avança como ameaça implacável. 
A nossa vontade é gritar “Chega, tempo! Já basta! 
60 já está bom! 
65 no máximo! 
70, não mais do que isso! 
Não avance, não avance mais!”. 
E, erroneamente, canalizamos nos nossos pais esse inconformismo.
O fato é que às vezes a lentidão, o esquecimento e as limitações são, de fato, frutos da idade. 
Outras vezes são apenas frutos da rotina, tão naturais quanto os nossos equívocos. 
Seja qual for a circunstância, eles nunca merecem ter que lidar com a nossa angústia. 
Eles já lidaram com os nossos medos todos de monstros, de palhaços, de abelhas, de escuro, de provas de matemática ao longo da vida. 
Eles nos treinaram, nos fortaleceram, nos tornaram adultos. 
E não é justo que logo agora eles tenham que lidar com as nossas frustrações. 
Eles merecem que sejamos mais generosos agora.
Mais paciência e menos irritação. 
Menos preocupação e mais apoio. 
Mais companheirismo e menos acusações. 
Menos neurose e mais realismo. 
Mais afeto e menos cobranças. 
Eles só estão envelhecendo. 
E sabe do que mais? 
Nós também. 
E é melhor fazermos isso juntos, da melhor forma."

-POR RUTH MANUS-
Autor desconhecido
Foto/Internet
















































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