Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Capela de Santiago de Ribas



Em era remota vivia em Edral, região de Lomba, abastado fidalgo de nobre solar. Os amores que, a ocultas, mantinha com formosa aldeã, levavam-no a combinar freqüentes idílios no logar de Ribas, na encosta íngreme da margem direita do rio Rabaçal. Certo dia o nobre fidalgo saiu à caça; depois de bater a mata espêssa de urzes, medronheiros e xardões (nome dado ao quercus illex), com os fogosos podengos, sentou-se sobre uma fraga, relanceando a vista pela selva em flor, para ver, se o oscilar de algum arbusto lhe denunciava a presença da bela aldeã. O sol já havia fugido do monte fronteiro, a noite ia caindo quieta e taciturna; lá, em baixo, no sopé do fraguedo informe, o rio sussurrava, coleando as puidas rochas, quando surgiu da montina escura (bosquete, têrmo regional), o vulto donairoso da linda serrana. Aproximam-se. Ele, galanteador e apaixonado, ela, mais gentil e carinhosa que nunca, descem lentamente por carreirão estreito (carreiro, atalho) em direcção a uma clareira próxima. O fidalgo tirando do bornal lauta merenda, que entregou à moçoila, procurou em volta lavada pedra que lhes servisse de mesa. Mas, horrível visão! quando se ajoelhou para assentar a provisória mesa, pôde observar que as pernas da formosa aldeã eram de cabra. Levanta-se para fugir, chama os podengos; mas ela, enlaçando-o nos braços fortes, esforça-se por arrastá-lo até à beira do alto precipício, para o lançar na corrente caudalosa do rio; êle, porém, percebendo o risco que lhe corre a vida, sem fôrças, desfalecido, lá no cume da elevada penedia, lembra-se de Deus e dos santos, e, em voz rouca, exclamou com intensa fé: Senhor Sant’Iago Menor, valei-me! Hei-de erigir-vos neste mesmo logar uma capela em vossa honra!» 
De repente uma espada chamejante scintilou à luz baça do crepúsculo; e o fidalgo só pôde ver um horrível demónio a chispar lume pelas largas narinas, e precipitar-se no rio, soltando imprecações infernais. 
Regressando o fidalgo a casa, passados dias mandou construir uma capela em honra do glorioso bemfeitor. E no último domingo de Agôsto que ali se realiza a festividade, aonde vão, apesar da aspereza do terreno, quási inacessível a mortais, milhares de devotos em piedosa romaria.

Fonte: Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais. Vol. 1 















































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