Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Solstício de Inverno


Há milhares de anos a humanidade festeja o nascimento do sol como sendo o acontecimento mais importante da Terra.
O Solstício de Inverno era conhecido como o “nascimento do sol” desde a era mais remota e festejado por todos os povos no hemisfério norte e, este ano, acontece hoje, dia 21 de Dezembro.
Este acontecimento astronómico marcava o início do novo ciclo do Sol sobre a Terra, com dias cada vez maiores e mais quentes até ao novo retorno.
A esta data associavam-se rituais ou festas muito importantes.
As civilizações mais antigas consideravam o Sol como sendo o filho da luz, a luz para eles representava Deus em vida.
Entre os druídas, o solstício era comemorado como o dia da fertilidade e muitas mulheres tentavam engravidar nesse dia.
Nos povos asiáticos, o solstício era representado por um velho de barbas brancas e roupagem vermelha e branca. Esse ser representava Deus na Terra e os asiáticos acreditavam que esse Deus encarnado trazia para a humanidade o seu filho sol.
Os Egípcios festejavam o solstício com rituais de magia que envolviam o cultivo de sementes.
Os Indianos festejavam-no transcendendo os corpos em rituais dimensionais mágicos.
Os Maias elaboraram um calendário perfeito usando o solstício como o início do ciclo do sol e da lua na Terra.
Nos dias de hoje, talvez por pressão da sociedade de consumo, há grupos e colectividades que começam a festejar os equinócios (a festa da Primavera) e solstícios.

A lenda do povo diz que Jesus entregou o governo dos dias e das noites a João Batista.
João seria, digamos, algo preguiçoso, não gostaria de se levantar muito cedo e por isso ia fazendo com que os dias ficassem cada vez mais pequenos.
A 21 de Dezembro Tomé, terá abordado Jesus, queixando-se:
“Mestre os dias acabam-se”.

Jesus verificando que, os dias já estavam demasiado pequenos, retirou a guarda do tempo a João e entregou-a a Tomé. Como este era trabalhador, os dias começaram de imediato a crescer, de forma que:
No Natal já têm mais o salto de um pardal
Em Janeiro, mais o salto de um carneiro
Em Fevereiro uma hora por inteiro
No Entrudo, mais o salto de um burro
E em Março, “igualaço”.
Para celebrar o dia de S. Tomé, 21 de Dezembro, realiza-se, em muitas aldeias do Concelho de Valpaços, desde tempos imemoriais, uma grande fogueira em honra de S. Tomé.
No inicio da noite do dia 20, os rapazes e os homens, isto é solteiros e casados, reúnem-se junto à Igreja, tocam o sino e vão, durante a noite, roubar lenha nos campos e até nas aldeias vizinhas.

“É para o Santo, ninguém leva a mal” - dizem.
Na madrugada do dia 21 é ateada uma enorme fogueira, que dá um ar de alegria e aconchego à tranquilidade do povo, nos gélidos dias de Dezembro.

Ouvi, vezes sem conta, dizer à minha mãe que se não fosse a intervenção de S. Tomé os dias tinham acabado.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bonito texto sobre o sol a luz o inverno e s. tomé.
Gostei muito. Parabens.

Leandro Afonso disse...

são engraçadas todas as historias á volta do solsticio de inverno, principalmente a influencia que teve na igreja católica e nao só! :)