A glicínia é uma planta ornamental por excelência. Resistente, fácil de cultivar e com grande capacidade de adaptação, desenvolve-se rapidamente, com um crescimento que pode durar muitos anos.
Depois da floração das cerejeiras, apreciada e celebrada no Japão, eis que vem o Golden Week (grande feriado da primavera). Turistas que visitam esse país, nesta época, ficam deslumbrados com outra floração. A das perfumadas glicínias, de uma cor entre o lilás e o roxo, talvez seja a cor considerada mais genuinamente japonesa. É vista como elegante e refinada, de antigas épocas – como no período Heian (794-1183), a grande época clássica japonesa, quando reinava o poderoso clã Fujiwara.
Do ideograma fuji (glicínia) provem muitos nomes de família; a começar dos Fujiwara (campo de glicínias), e Fujimura (vila das glicínias), Fujisaka (ladeira das glicínias), Fujiki (pé de glicínia). Todos contêm o ideograma “glicínia”, que, diz a lenda, afortunado aquele que o tiver no seu nome. Cairão sobre ele bençãos sem fim e a sua vida será semeada de felicidade.
Em crónicas de duas das mais antigas escritoras clássicas japonesas, Murasaki Shikibu e Sei Shonagon, do período Heian, a glicínia e sua cor são muito citadas. Uma das personagens mais importantes de Genji Monogatari (“História de Genji”) é a senhora de Fuji-tsubo. O próprio nome da autora, Murasaki, significa “lilás arroxeado”. E em Makura no Sôshi (“Livro do Travesseiro”), Sei Shonagon discorre sobre essa cor símbolo da aristocracia e da elegância. Talvez date dessa época certa preferência por essa cor para se tingir papéis, ou tecidos para kimonos, cortinados, lenços (furoshiki), bolsas de pano. É a cor que japoneses definem como shibui: cor clássica e sóbria, de elegância inata, sedutora e refinada.
Dentre as muitas lendas envolvendo princesas e donzelas, uma das mais populares até hoje talvez seja a da Fuji Musume (Donzela Fuji), que se tornou dança clássica do repertório do teatro Kabuki: retrata a glicínia que se apaixona por um mancebo e, personificada em romântica donzela, tenta seduzir o eleito. Ela vem sempre vestida em rico kimono bordado com cachos de glicínias, trazendo na mão um ramo dessas perfumadas flores.
1 comentário:
Aqui,
sob o céu de Lebução,
como é belo sonhar
enquanto murmura o mar.
Aqui,
entre espaldar de rosas
e de glicínias floridas,
paraíso é o amor.
Aqui a vida uma lenda azul te parece,
tu esqueces todo o sofrer
se pelas onda, na claridade da lua,
te deixas embalar.
Aqui,
sob o céu de, Lebução
quero viver e amar,
todo o mundo esquecer.
veredas de flores
pelas estradas que vão pra cima e pra baixo.
caminhos e riachos
pintados de sol e de azul.
Aqui a vida uma lenda azul te parece,
tu esqueces todo o sofrer
se pelas onda, na claridade da lua,
te deixas embalar.
Aqui,
sob o céu de, Lebução
quero viver e amar,
todo o mundo esquecer.
Sob o céu de Lebução
quero o mundo esquecer!
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