Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

terça-feira, 30 de abril de 2013

As glicínias do meu jardim



A glicínia é uma planta ornamental por excelência. Resistente, fácil de cultivar e com grande capacidade de adaptação, desenvolve-se rapidamente, com um crescimento que pode durar muitos anos.

Depois da floração das cerejeiras, apreciada e celebrada no Japão, eis que vem o Golden Week (grande feriado da primavera). Turistas que visitam esse país, nesta época, ficam deslumbrados com outra floração. A das perfumadas glicínias, de uma cor entre o lilás e o roxo, talvez seja a cor considerada mais genuinamente japonesa. É vista como elegante e refinada, de antigas épocas – como no período Heian (794-1183), a grande época clássica japonesa, quando reinava o poderoso clã Fujiwara.

Do ideograma fuji (glicínia) provem muitos nomes de família; a começar dos Fujiwara (campo de glicínias), e Fujimura (vila das glicínias), Fujisaka (ladeira das glicínias), Fujiki (pé de glicínia). Todos contêm o ideograma “glicínia”, que, diz a lenda, afortunado aquele que o tiver no seu nome. Cairão sobre ele bençãos sem fim e a sua vida será semeada de felicidade.
Em crónicas de duas das mais antigas escritoras clássicas japonesas, Murasaki Shikibu e Sei Shonagon, do período Heian, a glicínia e sua cor são muito citadas. Uma das personagens mais importantes de Genji Monogatari (“História de Genji”) é a senhora de Fuji-tsubo. O próprio nome da autora, Murasaki, significa “lilás arroxeado”. E em Makura no Sôshi (“Livro do Travesseiro”), Sei Shonagon discorre sobre essa cor símbolo da aristocracia e da elegância. Talvez date dessa época certa preferência por essa cor para se tingir papéis, ou tecidos para kimonos, cortinados, lenços (furoshiki), bolsas de pano. É a cor que japoneses definem como shibui: cor clássica e sóbria, de elegância inata, sedutora e refinada.

Dentre as muitas lendas envolvendo princesas e donzelas, uma das mais populares até hoje talvez seja a da Fuji Musume (Donzela Fuji), que se tornou dança clássica do repertório do teatro Kabuki: retrata a glicínia que se apaixona por um mancebo e, personificada em romântica donzela, tenta seduzir o eleito. Ela vem sempre vestida em rico kimono bordado com cachos de glicínias, trazendo na mão um ramo dessas perfumadas flores.

Entre nós, a glicínia e a generosidade da floração, torna, esta planta trepadeira, vistosa e elegante em qualquer lugar : para cobrir pérgulas, para criar belos toldos naturais para protecção do sol, ou como decoração de varandas.





















1 comentário:

Anónimo disse...

Aqui,
sob o céu de Lebução,
como é belo sonhar
enquanto murmura o mar.

Aqui,
entre espaldar de rosas
e de glicínias floridas,
paraíso é o amor.

Aqui a vida uma lenda azul te parece,
tu esqueces todo o sofrer
se pelas onda, na claridade da lua,
te deixas embalar.

Aqui,
sob o céu de, Lebução
quero viver e amar,
todo o mundo esquecer.

veredas de flores
pelas estradas que vão pra cima e pra baixo.
caminhos e riachos
pintados de sol e de azul.

Aqui a vida uma lenda azul te parece,
tu esqueces todo o sofrer
se pelas onda, na claridade da lua,
te deixas embalar.

Aqui,
sob o céu de, Lebução
quero viver e amar,
todo o mundo esquecer.

Sob o céu de Lebução
quero o mundo esquecer!