Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A minha casa, casa dos meus antepassados



Esta casa, uma das mais antigas de Lebução, fica situada no Largo da Fonte da Igreja, referenciado como um dos mais emblemáticos da terra.
O edifício tem uma localização singular, com alçado principal voltado para o adro da Igreja, e o alçado lateral esquerdo voltado para acapela mortuária.
Tem três frentes, com quatro entradas independentes, e faz o remate de dois arruamentos com o Largo.

Há muitos e muitos anos, foi residência de padres, antes de ser adquirida por Francisco Bernardo Pimentel, mantendo-se na família há cinco gerações. Encerra, portanto, a história da família Pimentel, a história da minha família, mas também, parte da história da minha terra. Pelo casamento das filhas de Francisco Bernardo Pimental e Josefa Maria Ayres Pimentel a família ramificar-se-ia em duas novas famílias – Pimentel Tavares e Pimentel Gomes.
Foi aqui que os nossos antepassados viveram alegrias e tristezas, festas e lutos… A casa conheceu o bulício, a azáfama, dos grandes dias e ouviu, vezes sem conta, o bater das horas na torre da Igreja, e outros toques, que chamavam o povo a orar. Das varandas viu passar procissões, nas festas de todos os tempos.
Viu festejar muitos natais, com a família, à volta da mesa e dos abraços, e a porta da casa abriu-se, outras tantas, para entrar o Compasso, nas Páscoas de todos os anos, de todas as flores...

Tem características arquitectónicas da Casa Tradicional Transmontana de dois pisos. Tem um curral, no piso inferior, onde eram guardados os animais, os utensílios de trabalho e as provisões obtidas durante as colheitas. O piso superior era destinado a habitação. O telhado tem três águas, com estrutura de madeira e tem pouca inclinação. As alvenarias são de granito, de variados tamanhos e empilhadas desordenadamente. A casa possui escadas no sentido longitudinal da parede e varandas nas várias fachadas. O forno de cozer o pão também é uma das características desta casa tradicional. O soalho do piso térreo é de granito embutido na própria terra e o sobrado do piso superior é estruturado por troncos de árvores em bruto, embutidos, profundamente, na parede, com revestimento de tábuas de madeira de castanho.
Possui um pátio interior e um “nicho” encastrado numa rocha integrada na fachada, que lhe confere uma particularidade única. O “nicho” é dedicado a Cristo crucificado e, ao longo dos tempos era conhecido como “Peto”.

Hoje, a casa, é uma imagem desfocada, descolorida e decadente de
outrora, à espera de uma morte anunciada…




















2 comentários:

Anónimo disse...

Gente fina é outra coisa, não é verdade?

Graça Gomes disse...

Pois, gente fina é mesmo outra coisa. Penso que não há a menor dúvida.