
«Prezada Graça,
Sou viúva de Octavio Carneiro, filho de Chico Carneiro, nascido em Lebução. Estava procurando uma foto na internet, com a ajuda da minha nora, que fosse representativa de Lebução, pois estou escrevendo um livro (só para mim mesma) contando a história de nossa família e queria que na capa estivessem fotos das cidades de nossos ancestrais. Eis que procurando no Google reconheço imediatamente a casa onde meu marido nasceu. Minha nora abriu então o seu Blog para que eu visse em que contexto ela estava inserida e novamente reconheci imediatamente em suas palavras e no comentário de um amigo seu o amor e o orgulho que meu marido demonstrava sempre que falava de sua terra natal. Fiquei emocionada...
Sinta-se abraçada por uma brasileira, também descendente de portugueses, que adorou visitar o seu Blog.
Maria Delfina Carneiro»
Recebi este email de Maria Delfina Carneiro, viúva de Octávio Carneiro, filho desta terra, que partiu cedo para o Brasil e lá construíu vida, sem nunca esquecer a sua terra natal.
Para a Maria Delfina e filhos vai este Post da casa que foi de seus sogros/ avós, Francisco Carneiro e Maria Adelaide Teixeira, hoje pertença de Ernesto Alves, e um poema de Guerra Junqueiro:
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Canta-me cantigas manso, muito manso...
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!
(Guerra Junqueira)
6 comentários:
Olá, Graça.
Como eu fiquei contente de ver o teu Blog!
E comoveu-me este poema de Guerra Junqueiro porque parecia dirigido a mim.
Acho que sabes quem sou, mas vou dizer mais alguma coisa para me identificares melhor.
Essa senhora Delfina é alguma coisa à Lígia?
Beijo
Ola Graça,
Obrigada pelos seus artigos e pelo seu trabalho neste blog, mas não estou a ver onde é que ficam estas casas.
Fico a espera de outros artigos!
Obrigada.
A casa é só uma, vista de ângulos diferentes.
Hoje pertence a Ernesto Alves e fica no Bairro do Eiró.
Este comentário/post justifica só por si a existência deste tipo de blog e demonstra bem a falta que uma ligação faz a quem está demasiado distante.
Os meus parabéns Graça.
Querida Graça fiquei muito emocionada e feliz ao ver postada aqui a foto da casa de meus avós e meu pai!!!Agradeço de coração seu carinho e atenção para conosco.....Vou responder por e-mail algumas questões ok?Bjs no seu coração e mais uma vez obrigada!
Viva amiga Graça,
É realmente notável as escolhas que fazes para publicar as tuas crónicas, juntas uma casa tipica transmontana com um escritor Transmontano, por sua vez a história desta casa confunde-se com a emigração, uns para o Brasil outros para a França; mas continua a ser uma casa com a traça original; e que dizer de Guerra Junqueiro, Ateu, Republicano, Revolucionário, vencido da Vida e por fim, pede um Padre na hora da Morte.
Até sempre
Um abraço
Afonso Carneiro
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