Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Tradição ainda é o que era


Erva rude, o centeio, resistente, suporta gelos e geadas com força e valentia. Rudes são, também, as mãos que, carinhosamente, o entregam à terra, onde permanece tempo sem conta - quase um ano!
Do centeio nada se perde: "o grão que se transforma no pão de todos os dias, maquia com que se paga ao moleiro, moeda que paga promessas, desobriga de cristão, engorda de animais; a palha que, em alguns lugares ainda é colmo de telhados, cama de animais caseiros, logo feita fermento da terra que dá pão."
Da força mítica deste pão dá conta a forma como derrotou fomes e misérias seculares e a indiferença com que resistiu às campanhas de promoção de outros cereais mais modernos. Mas diz a sabedoria de quem faz dele objecto e fruto de trabalho, que "mais vale pão duro que figo maduro" ou que "pão de ontem, carne de hoje e vinho do outro Verão fazem o homem são".
A cultura do centeio não é exigente de solos. Dá-se particularmente bem nas zonas montanhosas, planálticas, de grandes altitudes. Faz vizinhança com castanheiros e mato, esta planta rija que, altivamente, desafia os rigores do Inverno.
O Centeio alimenta os humanos desde há milhares de anos, mas foram os romanos que iniciaram o seu cultivo.
Há indícios de que se desenvolveu a partir de um grão selvagem do Nordeste da Europa. Apesar de actualmente ser um cereal pouco usado chegou a ser alimento base, em forma de pão, por longos períodos da Idade Média em certas regiões da Europa.
Este cereal, é tradicional no norte do nosso país, em mistura com o trigo. Esta é, aliás, provavelmente a melhor das misturas para pão, tanto gastronómica como dietética.
Ainda hoje o pão negro feito com este cereal, de mistura ou só de centeio, rico de sabor e de força é o preferido em zonas como a Escandinávia e a Rússia. O centeio é menos nutritivo do que os outros cereais mas é o cereal mais rico no aminoácido essencial, lisina. Não contém glúten. Além de depurativo do sangue, oferece a grande qualidade de facilitar a circulação sanguínea, o que útil na prevenção e no tratamento das doenças cardiovasculares. É particularmente bom no tempo frio. A farinha de centeio integral preparada de forma cuidadosa por processos artesanais permite conservar todas as propriedades do grão. O centeio integral tem vantagens a nível de sabor, textura digestibilidade, nutrientes e outras a nível metabólico.Pode ser usada na confecção de cremes e papas, para engrossar sopas, e em padaria e doçaria.
Nota: As mãos que se vêem a trabalhar o pão são minhas, orientada e auxiliada pela Anália, ela sim uma mestra nestes trabalhos.

8 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
como é bom poder comer uma boa côdea de pão centeio.
abs

Anónimo disse...

Foi a Prof. Graça que fez esse pão?
Eu não acredito! Sempre lhe ouvi dizer que gostava de possuir esse dom, mas daí até...
Ele pode comer-se não correndo o risco de ir parar ao hospital?
Se assim é eu também quero...

celestino disse...

Não te conhecia essses dotes relacionados com a panificação. Quem houvera de dizer!
Mas concordo que o pão centeio, sobretudo aquele que ainda se vai fazendo nalgumas casas das nossas terras, ainda é o verdadeiro pão. O resto, bom... o resto é para os urbanos, que quase nem chegam a saber o que é bom mesmo.
Já agora, reserva aí uma codita.

Afonso Carneiro disse...

Como sabes a minha família sempre se dedicou à arte de fazer pão centeio, acho que era do melhor que se podia comer! Nessa senda, eu com a ajuda da minha mulher,e sabedoria da minha mãe, faço todos os sábados sete paesinhos parecidos com os que estão na fotografia.
Por achar que tens amigas tão habilidosas e com certeza de bom gosto, permite que me associe e considere que este texto também podia ser uma homenagem à minha tia Cacilda e a todos os que comeram pão centeio do forno do Outeiro.
Um Beijo
Afonso Carneiro

Anónimo disse...

Prof Graça antes demais quero dar lhe os parabens pelo excelente trabalho que tem realizado em divulgar a nossa terra e tudo que ela tem de bom,com sabor especial para quem está longe e gosta da terra que os viu nascer.Desculpe pelo abuso mas não posso deixar de agradecer ao Afonso o carinho e a ternura com que fala da tia Cacilda ,ela tambem tem por ti muito carinho e amizade.beijos

Graça Gomes disse...

Eu acho, anónima, que não havia necessidade de ocultar o nome.
Está à vontade para manifestar a tua opinião, sempre que entendas necessário.
Volta sempre.
Um abraço.

Leandro Afonso disse...

que vontade de comer um folarzito eheheh a ver se os meus pais voltam rapido pra me trazerem um folarzito eheheh

Espero que a Pascoa tenha sido optima :)

Graça Gomes disse...

Afonso:
Peço desculpa, Afonso, mas estes dias foram vividos tão intensamente que quase me abstraí do resto do mundo.
Acho justo,e associo-me à homenagem
que queres fazer à tua tia Cacilda e a todos quantos comeram pão centeio, delicioso pão, feito no forno do "Outeiro."
Quando tiver deste pão, Celestino, eu aviso. E podes matar saudades do pão e da terra.