Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 10 de outubro de 2010

As Bouças - entre o rio e a serra




Abraçada pelo rio Rabaçal, de um lado, e pela serra de outro, encavalitada num monte donde se desfruta uma paisagem única, encontramos as Bouças, lugar de sete moradores.
Falei com Zé da Veiga, de 78 anos, lúcido, conversador, que não troca a sua terra por lugar nenhum. Nem que lhe dessem um palácio em Lisboa! E com a esposa, da mesma idade, que vive feliz no seu canto.
Vivem satisfeitos, cumprindo a vida, envolvidos em pequenas/grandes tarefas, com que preenchem os dias.
De regresso a casa vinha a pensar numa frase que ouvi. Será que ouvi mesmo?
" Feliz não é quem tem muito; feliz é quem sabe tirar proveito daquilo que tem."










4 comentários:

João Calado disse...

óptima ideia esta do Blog!
É realmente, um ponto de encontro de muitos filhos dessa terra.
Que melhor comentário para o post do que este poema de Gomes Leal?
Todinho para ti, Graça.


Eu gosto das aldeias socegadas,
Com seu aspecto calmo e pastoril,
Erguidas nas collinas azuladas -
Mais frescas que as manhãs finas d'Abril.

Levanta a alma ás cousas visionarias
A doce paz das suas eminencias,
E apraz-nos, pelas ruas solitarias,
Ver crescer as inuteis florescencias.

Pelas tardes das eiras - como eu gosto
Sentir a sua vida activa e sã!
Vel-as na luz dolente do sol posto,
E nas suaves tintas da manhã!

As creanças do campo, ao amoroso
Calor do dia, folgam seminuas;
E exala-se um sabor mysterioso
D'a agreste solidão das suas ruas!

Alegram as paysagens as creanças,
Mais cheias de murmurios do que um ninho,
E elevam-nos ás cousas simples, mansas,
Ao fundo, as brancas velas d'um moinho.

Pelas noutes d'estio ouvem-se os rallos
Zunirem suas notas sibilantes,
E mistura-se o uivar dos cães distantes
Com o canto metallico dos gallos...

António Gomes Leal

Armando Sena disse...

As Bouças é uma terra onde toda a gente quase passa e quase conhece. Mas tem o melhor azeite do mundo.

Anónimo disse...

pingava-me a saudade no teu silêncio
e com a tristeza das flores
o cântaro encheu e trasbordou


(...nesse silêncio sou sorriso fundido de chuva
que não sabe aonde cai...)


no fundo te guardo
como um sonho de beira-mar passado
e os barcos ao longe que passam são os adeuses
de um acordar num céu
aonde nunca houve estrelas


nestas horas absurdas
a estranheza invade-me
e sou louco de alma a flutuar
por oceanos secretos
aonde um dia naufragámos

José Doutel Coroado disse...

Cara Profª Graça,
excelentes imagens!! não poderia haver melhor divulgação a esta terra.
abs