Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

É a vez do Caço




Enquanto caminho, as imagens desfilam, perante os meus olhos, nítidas, assustadoramente bem delineadas:

É o Domingos, o criado que veio de Faiões, já velho, quando os meus tios partiram, presença constante no Caço.

É o Domingos e o seu desvelo, o seu amor ao trabalho, a cuidar do terreno que mais parecia um jardim!

São as regas de Verão, com a nora a gemer, ao ritmo cadenciado do sobe e desce dos alcatruzes, que alimentavam o rego, que matava a sede da terra.

É a apanha da batata, e a festa que essa tarefa envolvia. Terminava com os/as trabalhadores/as a dançar, no meio da terra, depois de reconfortados com a merenda.

São as cerejeiras, do cedo, e a guarda que o Domingos lhes fazia, não deixando que ninguém se aproximasse. Nem um passarinho, dizia o meu pai, sorrindo.

É outra vez o Domingos, a cantar, arrastadamente, qual canto alentejano, nas tardes escaldantes de Verão, durante a sesta, quando o silêncio era quase absoluto:

«- Ai ascorda, se estás dromindo, ai ascorda que a manhã já vira no arvor da madrugada.»

Do terreno do Rocha, que ficava do outro lado do caminho, o filho, o Alcino, respondia no mesmo tom, arrastado:

«- Ai acorda se estás dormindo, ai acorda que a manhã vem vindo no alvor da madrugada.»

E este cantar ao desafio, repetia-se vezes sem conta, ao longo da tarde, enquanto o sol não baixava, e os chamava, de novo, ao trabalho.

















1 comentário:

Maria Saudade disse...

Que bém me lembra esses tempos passados no caço com a sua familia. os seus paizinhos e os seus irmõas. era mesmo uma grande alegria porque a Graçinha era a alegria em pessoa. o seu paizinho ria-se muito consigo e sempre dizia esta minha filha anda sempre em paço de dança.
são tempos que nao voltam mais mas que deixaram muitas saudades.