Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

sexta-feira, 13 de março de 2015

Estamos na Praça







Um dos lugares mais emblemáticos de Lebução, pelas histórias que guarda do passado e pelas vivências presentes é, sem dúvida, o Largo da Praça, Praça Cândido Sotto Mayor, ou, simplesmente, Praça.
Hoje é um espaço público, onde desaguam todas as ruas e ruelas, becos e canelhas, e todos os acontecimentos da terra, com contornos mais ou menos empolgados, ao gosto de quem os projecta e divulga.
Outrora, há muitos anos, a configuração deste espaço nada tinha a ver com o actual largo. Ao centro, onde se situa o candeeiro, existia um forno e um imponente negrilho, pertença de Manuel José Gomes e de Maximina do Espírito Santo Pimentel, meus avós paternos, proprietários de toda a Praça, excepto um caminho que circundava o terreno e também dava acesso às casas que existiam à volta. Pouco a pouco, essas casas foram intervencionadas, algumas demolidas para dar lugar a outras mais modernaças, mais confortáveis, mas que adulteraram um pouco a Praça e toda a sua envolvência: 
A casa do Drº José Lino, depois de demolida, deu lugar às de Fernando e Félix Lavrador. 
A do Eng. Fernandes Sá continua nas mãos da família, com algumas modificações, nada que alterasse a arquitectura inicial - uma casa tradicional transmontana, da classe alta. A da Maria Franduna, ou parte dela, continua a marcar uma época e uma certa maneira de construir. Havia, ainda, a casa da celebérrima Adelaide Miranda, junto com as histórias que dela se contam, quase todas aliadas à sua irreverência. Hoje, essa casa, pertence a Carlos Lavrador, vendida pela tia Alice, irmã do meu pai. 
Numa atitude de dádiva e generosidade, que muito orgulha a família Pimentel, a minha família,os meus avós doaram, sem qualquer contrapartida, todo esse espaço à aldeia, depois de demolido o forno e derrubado o negrilho. 
Não entendo muito bem por que motivo a Praça se chama Cândido Sotto Mayor. Fazia todo o sentido estar associada ao nome dos seus doadores... Adiante! 
Hoje, como ontem, a Praça continua a ser palco de jogos e campeonatos de futebol e sueca. De arraiais até de madrugada e de outros espectáculos. De conversas, de queixumes _ a vida está pela hora da morte! De risos e gargalhadas. De procissões, de colchas nas varandas e janelas, de ralhos e discussões. De leilões e partilha de águas, mais uma bisquinha lambida. De comícios e de fogos de artifício. De preces e de pragas_ hás-de pagá-las nem que seja no centro do inferno. De cantigas ao desafio e de ladainhas rezadas_ Santa Ana dai-nos água. De esplanadas, de cervejolas de traçados, e de esplanadas à margem. De sai uma bica e mais uma boca, porque a vizinha tem casa nova e anda sempre na rua. De venha mais um copo e mais um ca….o, porque esta seca vai dar cabo de nós. 
E mais uma risada, porque o tipo caíu que nem um patinho! 
Cuidava que vinha lá das Lísbias gozar connosco... Anda cá que te salvas! 

Toma e embrulha!






























2 comentários:

Anónimo disse...

Lebução é uma aldeia próspera do nosso concelho, com forte vocação mercantil. Sempre o foi. Localizada no extremo norte, em plena terra fria, outrora pertença de Monforte de Rio Livre, com a raia bem próxima, tem uma localização privilegiada, sendo a mais importante de um vasto conjunto de lugares naquela encruzilhada de rotas, em plena comunhão com a natureza. Sinais desse estatuto são as belas casas com suas fachadas graníticas, as ruas desafogadas, asseadas ladeadas por inúmeros comércios, lojas e serviços, hoje menos fulgurantes, frutos do despovoamento que afecta o interior. Conheço bem esta terra, e dela guardo boas recordações, desde os tempos da meninice. Nela habita gente Amiga! Nela recebi colo carinho e amizade! Nela, em dias de festa percorri com a Banda de Valpaços as ruas, em procissões e arruadas confluindo para a praça!
A praça, agradável sala de visitas, ampla, airosa e sobretudo simples, como as pessoas de Lebução!
Hoje continuo a visitar Lebução! Visitar Lebução, é sinónimo de visitar a Graça e a Maria Alice. Já não está a Fátima. Abro o portão, subo as escadas da sua casa, uma das mais bonitas de Lebução, bem conservada, em perpianho de granito, com sacadas floridas voltadas para a rua principal. Entro, repete-se o colo carinho e amizade de sempre, que agora também a minha filha recebe. Sinto-me em casa!
Gil Leitão Borges

Graça Gomes disse...

Gilinho, deixaste-me sem fôlego e sem palavras! E com uma lágrima no olho. Só tu, meu querido. Mil beijos