Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

domingo, 4 de junho de 2017

O Forte de S. Neutel, em Chaves, e a festa de Nossa Senhora das Brotas


Em Chaves, no Domingo de Pascoela, há tantos anos que já não têm conta, celebra-se uma festa, em honra de Nossa Senhora das Brotas, que se venera numa capelinha, no Forte de S Neutel. Era também conhecida pela festa das merendas, porque, após as cerimónias religiosas, o povo estendia a toalha, na área envolvente da muralha, e comia o farnel. O rei das merendas, o que não podia faltar em nenhum farnel, era o saboroso folar, o nosso pão da Páscoa.
O nome da Santa homenageada _ Senhora das Brotas, sempre me provocou uma certa admiração.
Achava eu, criança, que não era nome que se desse a uma Santa.
Leiam o que se segue e vão encontrar a explicação.

Situada numa elevação próxima do rio Divor, Brotas é uma freguesia do Concelho de Mora que dista aproximadamente 11km da sede concelhia. Com 83,15 km2 de área e um total de 451 habitantes (censos 2011), esta freguesia constituiu o Concelho de Águias até 1834, tendo passado no final do século XVIII para a actual povoação de Brotas.
O seu orago é Nossa Senhora de Brotas, culto que data do século XV. Segundo a tradição este culto teve origem na vila das Águias, mais propriamente no lugar de Brotas da Barroca, que se encontrava naquela altura completamente inabitável por ser extremamente húmido e constituído por uma grande cova cercada de ribanceiras, que a toponímia local designou de Inferno, Inferninho e Purgatório. A lenda conta que enquanto um pastor guardava ali a sua vaca, esta por descuido escorregou e foi estatelar-se morta no fundo dessa cova. Quando se apercebeu do sucedido, o pastor desprovido da sua principal fonte de rendimento para sustentar a sua família, confiou à Virgem o seu desgosto, implorando-lhe proteção. De seguida começou a esfolar o animal e já depois de lhe ter cortado a pata que se tinha partido com a violência da queda, apareceu-lhe a Virgem Santíssima que lhe recomendou serenidade e pediu que fosse dizer aos moradores das Águias para lhe construírem ali uma capela e disse que assim que voltasse encontraria a vaca viva. O pastor assim fez e quando regressou àquele local com os seus conterrâneos, a vaca já andava a pastar como se nada tivesse acontecido e da pata que lhe havia sido cortada apareceu feita uma imagem da virgem. Pouco antes de 1424 ali se ergueu a ermida, como simples comenda da Ordem Militar de São Bento de Avis e dependente da vila das Águias. E a imagem da Nossa Senhora de Brotas ali foi conservada, com cerca de um palmo e feita de osso, harmonizando-se perfeitamente com os dados da tradição.

O declínio da vila das Águias começou a acontecer quando, a pouco e pouco, o lugar de Brotas, local onde se edificou a ermida, se tornou uma povoação mais importante devido às constantes peregrinações ao Santuário de Nossa Senhora de Brotas. O crescente desenvolvimento religioso levou a que em 1535 o cardeal-infante D. Afonso, bispo de Évora, lhe concedesse independência eclesiástica, transferindo a sede paroquial de Águias, já muito decadente, para Brotas com o título de Nossa Senhora de Brotas.
Em frente ao templo estende-se a Rua da Igreja, onde as casas ainda apresentam os letreiros das confrarias a que pertenciam, de Setúbal, de Mora, de Lavre, e Cabeção e de Cabrela. Esta é portanto a parte da aldeia a que o povo chama de “Aldeia Velha”. A partir da primeira Guerra Mundial, os proprietários de uma herdade denominada Monte de Cima, fronteiro à “Aldeia Velha”, formaram uma outra aldeia a que os moradores chamaram de “Aldeia Nova”.

O Concelho das Águias ou Brotas foi extinto em 1834 e anexado ao de Mora. Quando o de Mora foi suprimido em 1855, Brotas passou para o de Montemor-o-Novo e nele se manteve até 1861, ano em que o Concelho de Mora foi restaurado.​
















































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