Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

A cultura tradicional do linho em Lebução


A cultura do linho, para além de constituir um valioso recurso, cuja utilização ia do vestuário à medicina e culinária, ocupava um lugar de destaque na vida das comunidades rurais. O seu cultivo estava rodeado de rituais, lendas, práticas de cultivo, cantares, que ainda hoje fazem parte da memória colectiva dessas comunidades…
Mantendo uma ligação perfeita com o meio envolvente, esta planta teve, há largos anos, grande importância no concelho, nomeadamente em Lebução.
“A sensação de abundância é-nos dada pelos belos Linhares e lameiros, à volta da povoação…” Referência a esta terra, na Monografia de Valpaços, do Dr. Veloso Martins. Esses Linhares que ainda existem, mais não são do que terrenos férteis, adequados à cultura do linho.
Era uma cultura feminina pois todo o seu cultivo passava pelas mãos da mulher:
(semear, mondar, regar, arrancar, ripar, curtir, secar, moer, espadar, assedar, fiar, ensarilhar, barrelar, dobar, urdir e tecer).
Aqui, os vários processos pela qual a matéria-prima tem de passar até chegar à última fase que é o tear onde se converte numa bela peça de linho.
Esse linho que era usado em toda a espécie de vestuário, desde a toalha branca que acompanhava a criança ao baptismo até ao lençol que amortalhava os defuntos.
Também usado na Igreja, que sempre foi buscar à natureza os tecidos mais puros, nas toalhas, alvas, corporais e sanguinhos.
Dos desperdícios do linho fazia-se a estopa, para tecidos mais grosseiros - camisas de homem e lençóis. Dos desperdícios da estopa fazia-se os tomentos, tecido muito grosseiro, utilizado na confecção dos colchões.




Linho fresco florindo
Bendita flor por nosso amor abrindo
Cresce e floresce por graça do amor
E fiado serás
E alvo como a tua alma ficarás
Alvo ou trigueiro
Que rico cheiro!
E fiado serás
E com frescor as chagas cobrirás
Santa frescura
Consola e cura
E fiado serás
E nossos mortos amortalharás
Linho ou estamenha
Deus lá os tenha
(Afonso Lopes Vieira)